quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Expectadora

Tem períodos que eu me sinto inadequada.

Que olho ao redor e desconheço o quarto, a sala, o banheiro, a baia do trabalho.

Que observo o meu corpo e não sou eu.

Que olho no espelho e me assusto com o olhar da estranha que me olha de volta.

Que estranho o cheiro do meu travesseiro na minha própria cama.

É como se tudo fosse uma piada de mal-gosto, um filme conceitual, uma roupa de látex apertadíssima.

Os dias se seguem um-atrás-do-outro-com-noites-no-meio. Uma linha reta.

Já tenho anos suficientes pra saber que essas calmarias trazem no seu fim ventos furiosos e mudanças absurdas.

E eu fico assim, expectadora, só querendo saber aonde esse barco vai me aportar.

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