quinta-feira, 9 de julho de 2009

Inegável - Por Tíccia

Há uns poucos momentos de certeza absoluta

"Quando é, a gente sabe. Por mais estranho, inadequado, anacrônico, inconveniente, inoportuno, inconciliável, impensável, contraditório, irresponsável, injusto e até errado, quando é, a gente sabe. Sabe com as mãos, com a planta dos pés, com as unhas de cada um dos dedos, com os cabelos da nuca, com os músculos do peito, com o ar perdido entre o pulmão e a boca, com os cílios, com as pálpebras, com a língua. A gente sabe, simplesmente.

A gente sabe porque naquele momento desertamos de tudo e no entanto nunca estivemos tão presentes em nós mesmos, nunca tudo ao redor pareceu tão certo, tão inexoravelmente irrepreensível e nunca fez tanto sentido: finalmente, a ordem e o sentido perfeitos e insuspeitos das coisas.

Não é algo definível e ninguém mais é capaz de apreender este instante. Despisciendo explicar, racionalizar, achar causa, definir, conceituar. Aquele momento é e se basta. Nunca estivemos tão perto e tão desgraçadamente longe da perfeição e levaremos aquilo para sempre em nós como uma sina, um castigo perpétuo, uma eterna bênção, uma sagrada cicatriz. Aquele instante de abandono e felicidade, gratuito, inesperado, surpreendente, onde nem certezas são necessárias, onde as palavras tem outra cor, onde tudo é felizmente definitivo e incontestável.

Ninguém mais entende o que vislumbramos e o que passaremos a vida toda ou felizes por termos tido a coragem de viver, ou nos tentando convencer de que não era para ser - para lá no fim nos darmos conta de que era, claro, e a gente sabia."



Essa Mulher fala por mim! Almas gêmulas, praticamente.

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